Two Worlds foi um dos primeiros jogos de RPG em terceira pessoa a rivalizar com Gothic e, indiretamente, com The Elder Scrolls IV: Oblivion. Após anos em produção, o jogo foi lançado em 2007 com diversos problemas, manchando não só o nome da desenvolvedora, a Reality Pump, mas também da série como um todo. Em 2009, porém, a empresa anunciou a produção da continuação, Two Worlds 2, com a promessa de mais diversidade, novos cenários e, principalmente, menos problemas. E ela conseguiu.

No game, você será transportado novamente para o mundo de Antaloor. Quem teve a coragem e a paciência de jogar o primeiro game da série verá que se trata de uma sequência direta e não terá tanta dificuldade em reconhecer certos personagens. Já para quem não o jogou, a história pode se tornar um pouco sem sentido, o que se torna ainda mais frustrante com o final abaixo da expectativa na campanha. Neste aspecto, falha da produtora.

Mas o charme do jogo não está em sua história principal, mas sim nas pequenas histórias das sidequests, com referências ao filme “O Iluminado”, esposas loucas que querem fazer de você de alimento para seu marido-zumbi e até piadas com o inglês arcaico da época. Os jogadores mais conformados serão recompensados com um mundo fascinante e quests divertidas, com diversos livros espalhados pelo jogo, alguns até com mais de 30 páginas, todos bem escritos que fazem imergir ainda mais dentro do mundo do jogo. Deste modo, Two Words 2 agrada aqueles que gostam de muito conteúdo em RPGs.

E quando se trata do combate, Two Worlds 2 não pega leve. Não espere sobreviver caso resolva passear pelo mapa. Muitos inimigos possuem diversos tipos de resistência e esta característica piora com o passar da aventura. Em certos momentos você irá lutar contra monstros que são resistentes a praticamente qualquer tipo de ataque e a batalha acaba se tornando um pouco maçante para os mais impacientes.

Há  três classes distintas para se escolher desenvolver: guerreiro, arqueiro e mago. Caso você queira uma experiência tranqüila, porém um pouco cansativa, vá das duas primeiras classes. Mas se você é fã de dificuldade, a melhor escolha é o mago. Nesse caso, se prepare para sofrer e ler bastante, pois infelizmente o jogo não explica direito como jogar com esta classe. O sistema de magias é vasto e complexo, que faz com que o jogador estude bastante e tenta as diversas combinações de magia do jogo, tornando-se uma experiência baseada na tentativa e erro.

Após escolher a sua classe, você estará preparado para adentrar o mundo de Antaloor e será apresentado a uma das mais belas paisagens em um RPG já lançado. No quesito gráfico, Two Worlds 2 é uma experiência ótima, utilizando as mais recentes técnicas de iluminação e texturas, o jogador consegue se sentir dentro deste enorme mundo virtual. De savanas a cidades orientais, você irá batalhar contra Rinocerontes, zumbis, aparições e até escorpiões gigantes, todos eles muito bem modelados e animados.

Porém, ao mesmo tempo em que o mundo é belo, o mesmo não pode ser dito sobre o seu personagem. Apesar de possuir uma gama de rostos, cabelos e cores, ele possui uma movimentação no mínimo engraçada, assim como a de outros personagens não jogáveis. Parece que a Reality Pump se focou tanto em criar um mundo rico em detalhes e com monstros amedrontadores, que esqueceu a parte principal, o protagonista.

Depois de apreciar a beleza do título, o jogador começará a notar todos os aspectos que tornam Two Worlds 2 único. Um dos sistemas mais interessantes é ode alquimia: simples e intuitivo. A única coisa que você precisa é selecionar os ingredientes em seu inventário, adicioná-las no caldeirão e pronto, sua poção está pronta. 

Estes ingredientes são os mais variados possíveis, de plantas a cérebros de múmias, você pode criar qualquer tipo de poção, mas fique atento, os melhores ingredientes dentro do caldeirão não significam a melhor poção.

Esse mesmo sistema é utilizado para o aperfeiçoamento de seu armamento. Ao desmantelar as armas deixadas no chão por seus inimigos ou até em baús, você terá todas as matérias-primas para aumentar o dano, a durabilidade e até adicionar poderes mágicos.

Apesar de toda a simplicidade do sistema, quem jogar Two Worlds 2 no PC irá encontrar um menu que foi claramente desenvolvido com os consoles em mente. Ainda bem que o jogo tem suporte próprio ao controle do Xbox 360 e é até recomendável para uma experiência menos irritante. 

Talvez a maior decepção que alguém possa ter é na parte musical do título. Apesar das músicas serem belas, elas infelizmente se repetem demasiadamente. Com apenas dois temas de batalha para um RPG com uma duração de mais de 40 horas, recomendo que deixe sua lista de músicas preferidas em seu player, pois uma hora ou outra, você vai cansar.

Após isso tudo, para aqueles que estiverem agoniados com o single player de Two Worlds 2, a Reality Pump preparou uma ótima surpresa, o modo “vila”.

Trata-se basicamente um modo de gerenciamento, onde você e seus amigos poderão criar e gerenciar uma pequena vila, construindo casas, plantando e relaxando de longas e cansativas batalhas encontradas nos outros tipos de jogo: o cooperativo e a batalha. Ambos permitem que até oito jogadores possam compartilhar aventuras em uma ilha completamente única ou tentar a sorte batalhando entre si.

Um dos problemas que também irá afastar os jogadores dos modos online é o pequeno deslize feito da Reality Pump em retirar a possibilidade de importar seu personagem do Single Player para estes modos, duplicando a carga de trabalho em cima do jogador.

No final das contas, Two Worlds 2 é como um diamante sem polimento. Se o jogador prestar bastante atenção, ele irá encontrar beleza dentro dele, mas muito provavelmente ele vai acabar se tornando mais um RPG dentro dos milhares disponíveis no mercado. É um jogo longo, um pouco frustrante e com problemas visíveis. As divertidas sidequests, porém, compensam a experiência do game. Portanto, ao final do jogo, mesmo com todos os defeitos,  não se surpreenda caso você sinta vontade de conhecer mais sobre o mundo de Antaloor.